SIM: Todas as faces da mulher brasileira
Jornalista Milene Couras, psiquiatra Fátima Vasconcellos, cantora Preta Gil e médico Prof. Jorge Biolchini
por Rodrigo Yacoub
“As mulheres foram estigmatizadas como cuidadoras e sempre colocaram os outros por cima da sua vontade própria. A gente pode dizer que isso é certo?”, questionou Fátima Vasconcellos, professora do curso de Psiquiatria da PUC-Rio, durante sua participação no evento SIM - Saúde Integral da Mulher, realizado na última semana de outubro.
O SIM foi uma iniciativa do Departamento de Medicina, idealizado pelo coordenador de pós-graduação e pesquisa do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Prof. Jorge Biolchini, criado em virtude da campanha Outubro Rosa, ampliando seu foco da saúde física da mulher para a saúde no sentido geral: físico, mental e social. O evento, que acabou na quinta-feira (27), veio para a Pontifícia com o propósito de destrinchar, para quem quisesse ouvir, a vida de suas palestrantes e mostrar sua constante busca por equilíbrio.
Dr. Hilton Koch, Dra Thereza Cypreste e Dr. Ricardo Chagas
Para inaugurar o evento, no dia 25, aconteceu a roda de conversa DE PEITO ABERTO: O CÂNCER DE MAMA SEM RODEIOS, que trouxe o tema oficial do Outubro Rosa para dentro do SIM. A mastologista Drª. Thereza Cypreste, o mastologista e professor da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio, Prof. Ricardo Chagas, e o decano do CCBS, Prof. Hilton Koch conduziram o bate papo com mulheres de diferentes idades que tinham dúvidas e curiosidades sobre câncer de mama e outros assuntos relacionados à saúde da mulher.
Um dos assuntos mais frisados pelos palestrantes foi a necessidade do diagnóstico precoce e do acompanhamento médico, principalmente, em mulheres com histórico da doença na família. No final, a Associação dos Amigos da Mama (ADAMA), organização da qual a professora Cypreste participa, fez uma apresentação musical com uma releitura de músicas populares que abordam o tema câncer de mama.
Já no campus da PUC-Rio, ainda na terça-feira, aconteceu a roda de conversa DESAFIOS DA MULHER EMPREENDEDORA, com a produtora de moda Claryza Rosa e a professora de dança afro-brasileira Gleice Cambria, e um bate papo com a jornalista Glenda Kozlowski abordando o tema APRENDENDO A SUPERAR NOVAS BARREIRAS. Todas as participações conseguiram trazer a visão do processo de evolução profissional das mulheres, mostrando o ponto de vista de alguém já consagrada no seu meio de trabalho e das dificuldades de uma jovem que acabou de começar.
Claryza Rosa, Gleice Cambria e Milene Couras
Claryza falou sobre sua necessidade de transformar seu período de faculdade na PUC-Rio em um projeto maior do que ela mesma, criando o Jacaré é Moda, produtora de moda na favela do Jacarezinho. Já Gleice falou sobre as dificuldades que já enfrentou para construir sua carreira desde que se mudou de Ilhéus, na Bahia, para o Rio e os estigmas que a dança afro sofre hoje.
Glenda Kozlowski trouxe a experiência de seus 20 anos de carreira na Rede Globo e as dificuldades e alegrias de ter sido uma das primeiras mulheres num campo dominado totalmente por homens: o jornalismo esportivo.
Na quarta-feira, o SIM trouxe a discussão para a área do direito. O direito da mulher no parto, o direito social da mulher e seu compromisso consigo mesma foram abordados na palestra SAÚDE E DIREITOS: UMA RELAÇÃO NECESSÁRIA. A advogada e professora do departamento de Direito da PUC-Rio Thamis Ávila Dalsenter e a socióloga Jacqueline Pitanguy, coordenadora executiva da organização CEPIA e membro do Conselho Nacional de Direitos da Mulher conduziram a discussão.
Na quinta-feira, último dia do evento, o SIM contou com a presença da cantora Preta Gil e da psiquiatra Fátima Vasconcellos, professora do curso de Psiquiatria da Escola Médica da PUC. As duas, junto com o professor Jorge Biolchini, coordenador de pós-graduação e pesquisa do CCBS, formaram uma mesa redonda com o tema AS DIMENSÕES DA MULHER NA SOCIEDADE ATUAL, onde falaram sobre os desafios da mulher em afirmar seu espaço. A palestra contou com um diálogo aberto com todos os estudantes presentes e os temas variaram: desde a valorização da autoestima da mulher até o uso da cirurgia plástica em famosos, como meio de adequação ao padrão exibido na mídia.
O Saúde Integral da Mulher foi um evento criado para promover a saúde da mulher, em todo seu significado. Mas ainda mais, para dar a oportunidade do público se colocar no lugar dessas diferentes personagens, que mostraram toda a bagagem profissional, pessoal e social acumulada ao longo dos anos.